O lamentável texto do editor de esportes da ZH e a brilhante resposta de Alexandre Aguiar

EDITADO 13/08/13: Fábio Koff também respondeu ao editor de esportes da ZH, que publicou o texto do presidente AQUI

 

O texto escrito pelo editor de esportes da ZH Ticiano Osório, no jornal de hoje:

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E a brilhante resposta do amigo Alexandre Aguiar:

Prezado Ticiano

O comentário que assinas hoje em Zero Hora comete equívocos fáticos e faz análises quantitativas que pecam por justamente não serem qualitativas quanto à Arena do Grêmio. Estatística, como se sabe, se presta para variadas interpretações e o que os norte-americanos muito bem definem como “cherry picking”, a utilização (manipulação) de números ad argumentum.

Com efeito, como tu muito bem referes, impossível comparar mais de meio século de histórias do Estádio Olímpico com um estádio que recém completou meio ano de operação. Desde a inauguração compareci a todos jogos na Arena gremista, exceção de um em que estava no exterior, e freqüentei o Olímpico por mais de 30 anos.

A afirmação que cai o mito de que ir a um jogo no Arena do Grêmio seria programa mais agradável é, respeitosamente, falaciosa. O estádio oferece muito mais conforto, segurança, banheiros, portões e acessos que o antigo Olímpico. A visão do jogo do anel inferior é espetacular. Não preciso mais me espremer em um corredor, como fazia nas Sociais, para circular. Ao contrário, existe uma ampla área de circulação que é maior que muitas arenas dos Estados Unidos usadas em NFL. Dentre outras novas vantagens.

Referes ainda que quase não há um jogo sem alguma confusão entre torcida e BM, ou dentro da Geral. Ora, primeiro, as mesmas confusões ocorriam no Olímpico. Segundo, os incidentes se limitaram quase que exclusivamente ao espaço da Geral. E, terceiro, o único episódio fora da Geral ocorreu quando torcedor visitante pulou isolamento e invadiu o espaço da torcida gremista. Não é de responsabilidade do estádio que haja polícia que a todo momento se revela despreparada (dentro e fora dos estádios) e de torcedores despreparados para o convívio social, igualmente dentro e fora das praças de esportes. São os mesmos despreparados que jogaram fezes na porta do teu jornal.

Teu ponto é meritório em destacar que espaços comerciais, como de gastronomia, são ainda inexistentes na Arena, o que decorrer ainda da falta de licenciamentos públicos. Teu texto peca, porém, quando refere que a Arena somente recebeu um evento, o show de Roberto Carlos. O estádio recebeu no ano passado, em dezembro, amistoso da ONU (evento que foi patrocinado pela própria RBS) e neste ano o último amistoso da seleção brasileira antes da Copa das Confederações, que rendeu elogios “rasgados” ao estádio do Grêmio por parte da mídia francesa, o que se escassamente se ouve aqui. Seriam os jornalistas gaúchos melhores que os de Paris ?

Finalmente, fazer comparações de resultado de campo entre Olímpico e Arena neste ponto da história é uma lástima argumentativa. Não existe invulnerabilidade como mandante. Nenhum time do mundo possui tal atributo. Os maus resultados em casa não decorrem do novo estádio ou da torcida (que tem comparecido em maior número que no Olímpico, informação que o teu texto não menciona). É um mau momento no futebol, o que o Olímpico também testemunhou por muitas vezes. Na linha destas comparações esdrúxulas, o Olímpico viu o Grêmio ser goleado pelo Inter por 6 a 2 no seu primeiro Gre-Nal, enquanto no primeiro Gre-Nal da Arena houve empate. Mesmo Olímpico que viu o Grêmio ser campeão do mundo, mas também descer duas vezes ao inferno.

Problemas de infra-estrutura no entorno (como foi capa de ZH na semana), falta de oferta de catering e preços altos, elevados preços de ingressos, inexistência de check-in ou check-out para associados, são todos temas que merecem ser debatidos no tocante à Arena. Outros pontos, como levantados por ti, soam como tentativa rasa de desconstituição da imagem do novo estádio. Interessante, por fim, registrar que em nenhum momento teu texto referes Arena do Grêmio, mas somente “Arena”, o que salta aos olhos do leitor mais atento. Por quê ?

Atenciosamente,

Alexandre Aguiar
Sócio do Grêmio desde 1975